segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Escolhendo uma adega: a via crucis



Sempre falamos de vinhos e, uma ou outra vez, abordamos alguns conceitos ou comentamos o uso de acessórios. Vamos conversar de algo um pouco diferente do usual: a escolha da adega.

Comprar uma adega pode parecer fácil: escolhemos uma com o espaço necessário e pronto - é só ligar na tomada e guardar as garrafas. Não é bem assim. Se não atentarmos a alguns detalhes pode-se perder dinheiro e, pior que isto, ter uma dor de cabeça digna das maiores ressacas de vinhos ruins.

E por que escrever sobre isto agora? A resposta é óbvia: eu comprei uma há pouco mais de um ano, tive problemas e ela "morreu" outro dia.

Tudo começou quando decidi por adquirir uma adega. Fui ao Carrefour e vi uma bacaninha, para 16 garrafas. A importação era do próprio supermercado. Saí com ela da loja e passei no posto de teste de produtos. Ela foi ligada na tomada e funcionou: show de bola! Eu tinha uma adega!

Quando fui ligá-la em casa no dia seguinte ela estava bamba. Achei que era só efetuar um ajuste nos pés. Surpresa: não existia este tipo de ajuste. Então, por que ela estava daquele jeito? Descobri que ela estava amassada na lateral. Reclamei com o Carrefour e nada. Briguei muito, enviei e-mail para a imprensa e não tive nenhuma solução que resolvesse meu problema. Pior: o Carrefour mentiu para a rádio, dizendo que tinha falado comigo e resolvido a situação. Ou seja, vai aqui a primeira dica: NÃO COMPREM NADA NO CARREFOUR! Não é uma empresa idônea.

Fiquei com a adeguinha torta mesmo. Pelo menos ela funcionava... no inverno. Quando o clima esquentou eu percebi que ela não conseguia baixar a temperatura até a ajustada no painel. Isto foi piorando ao longo do tempo. No final a minha adega estava mais para chocadeira. Até que outro dia ela apagou - virou um armário de vinhos torto.

Eu precisava de uma nova e decidi pesquisar antes de fazer outra bobagem. Descobri uma coisa muito importante: não entendo quase nada de vinhos, mas sabia menos ainda sobre adegas. Depois de estudar um pouquinho, aprendi algumas características que vou dividir com vocês.

Existem dois tipos de adegas - as termoelétricas e as eletrônicas-digitais. As primeiras, sem meias palavras, NÃO PRESTAM!!! São as chocadeiras disfaçadas. Estas trabalham com troca de calor, em uma faixa de temperatura pequena - na melhor das hipóteses chegam a 10°C abaixo da temperatura ambiente - se não estiver muito quente (no máximo 25°C).

As adegas eletrônicas-digitais utilizam um compressor e são as melhores. O sistema é quase identico ao funcionamento das geladeiras, porém consegue manter a temperatura adequada para a manutenção de vinhos e a grande maioria tem um sistema que diminui a vibração do motor.

Legal! Então é só comprar uma adega com compressor e todos os meus problemas acabaram? Não! Outra coisa que descobri é que o pós venda é de extrema importância, mesmo porque a maioria dos produtos que estão no mercado brasileiro são importados. Quando acontece algo de errado a reclamação mais comum é a falta de peças para reparo. O pior: tirando as empresas que produzem os cadilacs das adegas (como a Art des Caves, por exemplo), todas as outras tem várias denúncias no "Reclame Aqui". Logo, o dilema é: correr o risco ou pagar mais caro.

Na minha pesquisa eu encontrei um site aonde existe um forum de discussão sobre adegas. O autor chama-se Antônio Coelho e o site é o www.decantandoavida.com. O link para o fórum está aqui. Minha decisão saiu daí, de pesquisas no "Reclame Aqui" e, logicamente, de preço.

Minha primeira opção era uma Eletrolux, com duas zonas. Queria poder armazenar tintos e brancos na temperatura ideal. Decepção de cara: ao buscar no Google descobri algumas reclamações sobre a adega congelar os vinhos e, segundo as vítimas, os técnicos diziam que era um problema comum do modelo.

Depois achei uma GE para 29 garrafas, também com duas zonas. Pensei: se a GE faz até motor de avião, não vai dar trabalho. Ledo engano! No "Reclame Aqui" a empresa demora por volta de 62 dias para responder sobre os problemas citados e apenas 29% dos consumidores voltariam a comprar seus produtos. Até este momento ela era minha preferida, pois havia pensado em pagar por uma garantia extendida. Mas se a empresa não cumpre com suas obrigações, seria apenas mais tempo torcendo para a adega não quebrar pois a GE possivelmente iria me deixar na mão.

A Art des Caves tem adegas muito caras. No preço de uma para 40 garrafas (com zona única), compra-se uma LG para 65 garrafas com dual zone. Aliás, a LG está no meio do caminho entre as principais grifes e as outras. A empresa também tem denuncias no "Reclame Aqui", porém seu tempo médio de resposta está em 1 dia e 18 horas e praticamente metade dos clientes voltariam a comprar seus produtos. A empresa tem 3 modelos no mercado: para 41, 65 e 81 garrafas. As duas últimas tem duas zonas de temperatura. Outro diferencial das coreanas são o vidro triplo e o controle interno de umidade. Todos os modelos tem gavetas com acabamento imitando madeira e a maior (imagem do início do post) tem espaço para armazenar taças - um produto muito legal!

Decidi pelo risco calculado: comprei uma LG para 41 garrafas (abaixo) com garantia extendida. A compra da 65 dual zone "coçou", porém tentei ser racional: seria muito difícil conseguir encher uma adega deste tamanho (se você acha caro o preço da adega, faça a conta de quanto dinheiro você vai gastar para tê-la cheia com vinhos de qualidade). Espero não ter que voltar aqui e escrever sobre problemas com minha adega nova.
Para quem está pensando em comprar uma adega, recomendo pesquisar bastante, apesar das opções não serem muitas. Para ajudar, segue a lista das adegas termoelétricas (que não prestam) e das com compressor (eletrônicas-digitais):

Eletrônicas-digitais - temperaturas entre 4 e 18 graus Celsius.
Modelos: Art-des-Caves, GE, Britânia, Suggar, LG, Electrolux, Brastemp (40grfs), Metalfrio, Midea, Eurocave, Liebherr, NovaCave e Samsung.

Termoelétricas - temperaturas de 10 a 25 graus.
Modelos: Tocave, Dynasty, Wine (Conthey), Bon Cheff, Spicy, EasyCooler, HomeLeader, Studii e Brastemp (12 grfs).

Lembre-se: faça valer os seus direitos! Caso você tenha problemas com algum produto, meta a boca no mundo... "Reclame Aqui", Procon, imprensa, etc. Apenas queimando o filme das empresas é que conseguimos que o correto seja feito. E mesmo assim as vezes não dá certo. A partir daí, não compramos mais deles... eu, por exemplo nunca mais botei meus pés no Carrefour.