domingo, 28 de novembro de 2010

Decanter: frescura ou necessidade?


Você já viu alguém abrir uma garrafa de vinho e virá-la numa jarra metida à besta? Se já, você presenciou o uso do Decanter. Mas pra que serve? Foi frescura do cara ou era necessário? Quando devemos usá-lo?

Eu ainda me faço esta pergunta. Na verdade, as respostas que achei são um tanto quanto "vaselínicas". Um Sommelier que conheço, quando questionado respondeu "na dúvida, sempre".

De uma forma geral, existem duas situações em que devemos usá-las: quando o vinho é de guarda (ou não é filtrado) e quando é muito jovem. A maioria dos vinhos que nós mortais encontramos no mercado (e que estão ao nosso alcance financeiro) dispensam ou não terão grandes melhoras com o uso do decanter. Por outro lado, vinhos delicados de guarda não devem passar por este processo (caso de alguns Bordeaux) pois já envelheceram tudo o que tinham para envelhercer durante o tempo que ficaram estocados.



O vinho que não é filtrado é o caso mais fácil: geralmente isto vem escrito no rótulo. Nestes casos o vinho apresenta sedimentos que devem ser separados na hora do consumo. Para isto, utiliza-se o Decanter de forma a separá-los do líquido. Não é incomum encontrar sedimentos em vinhos de longa guarda também.

Quando o vinho é muito jovem e não teve tempo de envelhecer na garrafa de forma a atingir seu ponto de maturação, o uso do decanter também pode ajudar. Deixando os vinhos respirando, o contato com o oxigênio acelera o processo de maturação, liberando sabores antes escondidos.


Importante (ou talvez excesso de frescura) é que, em cada um destes caso, o método de decantação é diferente. Como não sou nenhum expert (comprei o meu decanter outro dia e ainda não estreei), copio abaixo o modus operandis do blog do enófilo Carlos Cabral:

"Antes de tudo, é preciso tirar a garrafa da adega e colocá-la em posição vertical por algumas horas ou até por um dia inteiro para que as borras fiquem depositadas no fundo da garrafa. Em seguida, remova a rolha sem erguer ou girar a garrafa. Depois, incline-a com muito cuidado, transferindo uma pequena parte do líquido para o decanter, mas sem que os sedimentos se misturem ao vinho. Use essa quantidade de bebida para limpar o decanter, assegurando-se de que ela circule por toda a parte interna do recipiente.

Com muita cautela para que as borras não caiam, despeje o restante de vinho nas bordas do decanter, evitando que a bebida toque o fundo do acessório. Continue com esse procedimento até a hora em que os sedimentos estiverem perto do gargalo da garrafa – essa é a hora de interromper o processo. Você pode usar a luz de uma vela ou de uma pequena lanterna para enxergar os sedimentos.

O que restar na garrafa não deve ser consumido, mas isso não é um desperdício, já que o vinho a ser consumido será nobre, livre de depósitos que podem prejudicar a degustação.

No caso dos vinhos que precisam ser aerados, o decanter é utilizado de outro modo. Comece abrindo a garrafa e transferindo apenas um dedo de taça para o decanter. Tente fazer com que o líquido percorra toda a parte interna do recipiente para aumentar o contato da bebida com o ar.

O vinho utilizado nesta primeira etapa precisa ser descartado para que no próximo passo todo o conteúdo da garrafa seja colocado no decanter. Nesta fase, você pode agitar o decanter da mesma maneira como faz com a taça. Por fim, deixe o vinho descansar de 20 minutos a 1 hora. Vale lembrar que essa é apenas uma regra geral, já que o tempo em que o vinho precisa permanecer no decanter varia conforme sua juventude e nada melhor do que acompanhar o comportamento do vinho durante todo esse processo."

Clos de los Siete Malbec 2007


Este argentino me foi vendido como excepcional.... pelo vendedor argentino do Free Shop do aeroporto de Buenos Aires. Ficou longe de atingir as expectativas criadas.

Se tivesse que classificá-lo, diria que este é um vinho "Frango assado de televisão de cachorro". Sabe aqueles frangos que tem o cheiro melhor do que o gosto?! Foi este o caso. Ao abrí-lo, nos deparamos com uma ótima gama de aromas: compota, algo de ameixa, couro, carvalho e talvez um pouco de chocolate. Mas ficou só nos aromas. No paladar faltou quase tudo isto. Poucos taninos e um vinho bastante alcoólico. O vinho prometeu, mas não cumpriu.

Tenho que ser honesto com ele... foi tomado em um dia quente, sem nenhum tempo para respirar. Hoje o classificaria como "ruinzinho". Porém, creio que acabamos bebendo-o ainda um tanto fechado (quando o vinho precisa respirar, ou seja, ficar um pouco aberto antes do consumo ou descansar em um decanter).

Conclusão: de repente ele não é grande coisa mesmo. Mas, lendo alguns reviews pela net e, levando em conta as condições em que o tomamos, talvez o Clos de los Siete merece uma segunda chance.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

7 Deadly Sins Zinfandel 2006 (EUA)


A viagem para os EUA vão render pelo menos duas postagens. Esta é a primeira.
Após sair de uma peça da Broadway fomos ao restaurante Maison, algumas quadras ao norte do Time's Square. Como o tempo estava frio, decidi beber meu primeiro vinho em solo americano. Este acabaria sendo o último também.

Como ninguém me acompanhou, acabei pegando uma meia garrafa deste tal Zinfandel da vinícola 7 Deadly Sins. Eu nunca tinha ouvido falar da uva Zinfandel. Ela é característica da Califórnia, apesar de ter origem no sul da Itália.

O vinho em si não é nada de mais, muito pelo contrário. Achei-o "Ruinzinho", daqueles que não deixam saudades. Para um vinho sem compromisso, desce. Mas como custou US$22 a garrafa de 375ml, ficou longe de recompensar o investimento. Talvez um dos 7 pecados mortais seja cobrar tudo isto num vinho que não vale metade.

Comprei uma garrafa (750ml) de outro vinho californiano em que gastei US$20 em uma loja especializada e acabei trazendo-o para o Brasil. Foi indicação do vendedor. Espero que este seja melhor.